quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Gago Coutinho (1)

No ano em que se comemoram 140 anos do nascimento de Gago Coutinho, o Presidente da República homenageou-o:
PR: Cavaco recorda lição de Gago Coutinho para "termos confiança em nós"
17 de Fevereiro de 2009, 18:59

Lisboa, 17 Fev (Lusa) -- O Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, recordou hoje o contributo para a ciência e cultura portuguesa de Gago Coutinho, o almirante que ensinou que para "termos confiança em nós, precisamos saber onde estamos e para onde vamos".

"O homem de ciência que homenageamos ensinou-nos que, para termos confiança em nós, precisamos de saber onde estamos e para onde vamos. Eis a mais profunda lição do eminente engenheiro geógrafo que foi o almirante Gago Coutinho", afirmou Cavaco Silva.

Numa intervenção na cerimónia comemorativa dos 140 anos do nascimento do almirante Gago Coutinho, realizada na Sociedade de Geografia de Lisboa, o chefe de Estado recordou a vida do "grande sábio-marinheiro" que "alcançou a fama como navegador de avião num único voo" e que "merece ser recordado por muito mais do que a travessia do Atlântico Sul".

"O almirante Gago Coutinho era um espírito positivo, racional e matemático", sublinhou, lembrando a "dimensão do contributo do almirante para a ciência e cultura portuguesas", cuja biblioteca e espólio se encontram recolhidos na Sociedade de Geografia de Lisboa.

No discurso, o Presidente da República lembrou ainda algumas das conferências científicas que Gago Coutinho proferiu precisamente na Sociedade de Geografia de Lisboa, como aquela, em 1902, em que falou sobre a telegrafia sem fios, ou, anos mais tarde, quando propôs a criação em Portugal de um curso de engenharia geográfica.

"O engenheiro geógrafo é, sobretudo, um especialista no domínio do posicionamento. A sua melhor qualidade técnica é a de saber onde se está com precisão infinitesimal. Eis uma qualidade unanimemente reconhecida ao almirante Gago Coutinho: ele sempre soube onde estava e sempre soube qual era o seu destino", referiu, recordando os levantamentos geodésicos e topográficos que realizou em Timor, Moçambique, Angola e São Tomé.

"Com meios relativamente rudimentares, realizou prodígios de exactidão", sublinhou, considerando que esta "profunda ligação ao espaço de língua portuguesa, que marca o seu trajecto como militar e como cientista, foi também evidenciada na travessia do Atlântico Sul".

"O inspirado voo, realizado no ano do centenário da independência do Brasil, avivou a fraternidade entre as pátrias irmãs, como o demonstra a triunfal recepção que os aeronautas aí tiveram. Recordar hoje o almirante Gago Coutinho é, por isso, também homenagear a unidade do mundo que fala português", acrescentou, classificando como "arrojado" o empreendimento de "vencer ares nunca dantes navegados".

Porque, referiu, a travessia aérea do Atlântico Sul foi "a expressão culminante da sabedoria e da inventiva de um grande homem de ciência", mas, ao mesmo tempo, uma demonstração científica que levou Gago Coutinho e Sacadura Cabral "a arriscar tudo, incluindo a própria vida".

"Os cálculos do imperturbável Gago Coutinho não podiam falhar, sob pena de tudo terminar ingloriamente. Como de costume, não falharam. Feito extraordinário no momento em que a aeronavegação dava os primeiros passos", disse Cavaco Silva.

Mas o discurso do Presidente apenas aborda dois dos campos em que Gago Coutinho se notabilizou, a saber a actividade como geógrafo e como navegador aéreo. Falta a actividade como estudioso da náutica dos descobrimentos portugueses, trabalho muito importante para compreender como é que os portugueses foram pioneiros na navegação em mar aberto, como chegaram a África, à India, à América do Norte e do Sul.
Por isso, em posts irei dando a conhecer alguns textos do mestre, relacionados com estes temas.
É também uma homenagem a um cientista ilustre que, pela sua modéstia, está muito esquecido.

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