quinta-feira, 1 de maio de 2008

JOÃO GILBERTO O INVENTOR E OS SEUS MITOS

Tem horror a entrevistas, pessoas, ruidos. Antes de inventar a Bossa Nova, João Gilberto tocava violão trancado na casa de banho. A acústica era favorável. Em Copacabana, trocou esse refúgio pelo corredor do prédio e os vizinhos que aguentassem.
Diz-se que o seu gato siamês, de nome Gato, se suicidou depois de ouvir durante 12 horas seguidas o mesmo acorde.
Hoje o mito mora no 29º andar de um apartotel do Leblon, vive de pijama, e recebe bandejas, o violão consertado e cartas ou discos pela fresta da porta. Estica a mão e ninguém vê João, nem mesmo a mulher-a-dias. Até o dentista aceitou atendê-lo no domicílio.
Acorda às cinco da tarde, almoça às 11 da noite, janta às sete da manhã e pode acordar um amigo para uma boa conversa às duas da manhã. Segundo Ruy Castro em “A Onda Que se Ergueu no Mar”, que dedica a Joâo o capítulo “O Mundo Gira ao Redor do Pijama”, o telefone é uma espécie de ligação directa com a vida. Pode falar horas seguidas.
É comum joâo Gilberto interromper os seus espectáculos para reclamar do ruído. Não raro, vai-se mesmo embora. E em alguns espectáculos, com o nome espalhado pela cidade, nem sequer aparece, como aconteceu em 1997, no Brasiliana de Copenhague. Em 2003, músico adiou e depois cancelou os seus concertos previstos para Lisboa e Porto.
Se isto não é um Asperger...

Viver perto de uma central nuclear

Há muito tempo que se suspeita que as crianças que vivem perto de centrais nucleares têm maior risco de cancro.
No ano passado, investigadores da Universidade da Carolina do Sul em Charleston realizaram uma meta-análise de 17 estudos anteriores, abrangendo o Reino Unido, França, Alemanha, EUA, Canada, Japão e Espanha. Foi publicado no European Journal of Cancer Care. As crianças com menos de 9 anos que vivem perto das centrais (menos de 5 km), tinham mais leucémias (aumentava entre 14 e 21%) e esta era mais mortal (a taxa de mortalidade aumentava entre 5% e 24%).
Dados semelhantes apareceram noutro estudo alemão.
Parece que não serão efeitos da radiação, que parece estar contida, mas talvez do escape de tritio, isótopo radiactivo do hidrogénio.
Este conhecimento pode levar a que grávidas e crianças sejam afastadas das centrais em funcionamento. Pode levar também a que não possam ser consumidos vegetais plantados nas imediações das centrais.
(New Scientist 20/04/08)
A construção de mais centrais nucleares, como resposta aos problemas da falta de energia, deve ser melhor equacionada.

Corantes alimentares

Vários corantes alimentares foram acusados de provocarem hiperactividade em crianças.
No entanto, eles também podem proteger de tumores.
Gayle Orner da Universidade de Oregon em Corvallis alimentou trutas em tanques com dibenzopireno (cancro do estomago)ou aflatoxina (cancro do fígado), durante um mês. Além disso, um grupo estava também exposto ao corante REd 40 ou Blue 2. Ao fim de 9 meses os peixes foram examinados. Os que tinham estado expostos aos corantes tinham menos 50% de cancro do estômago e menos 40% de cancro do fígado.
Não vamos dar às crianças os corantes que fazem mal, mas é preciso saber qual o mecanismo que faz com que protejam do cancro.

Pensar num bom almoço tira a fome

Dois grupos de mulheres estudantes participaram no seguinte estudo: um grupo fez uma descrição de um passeio ao campo; outro grupo fez uma descrição do almoço que acabara de ter. Este último grupo teve menos apetite quando lhe foram oferecidas bolachas; o efeito foi mais marcado ao fim de 3 horas do almoço. (Estudo de Suzanne Higgs, da Universidade de Birmingham, UK, citado em New Scientist 20/04/08).
No entanto, pensar em comida, em abstracto, aumenta o apetite.
Pelos vistos, para os que comem um almoço que se veja, pensar nisso a meio da tarde diminui o apetite para comer snacks que engordam.
A acção destes pensamentos parece estar relacionada com o hipocampo. Os doentes com lesões desta região comem muito e muitas vezes.

O Aquecimento do Ártico

As temperaturas no àrtico estão a subir mais do que noutras partes do Mundo.
Os modelos utilizados pelo Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas (IPCC) previam uma subida da temperatura do ar de 1,4 ºC, entre 1960 e 2000. Mas a subida verificada foi de 2.2 ºC.
Os russos do Obukhov Intitute of Atmospheric Physics, Moscovo, descobriram que há variações da temperatura do ar ao longo das décadas, relacionadas com cariaçõe semelhantes das correntes marinhas.
Entre 1970 e 2000, o aumento médio de temperatura no hemisfério norte foi de 0,5 ºC. Vladimir Semenov, o autor deste estudo, considera que 0,2 ºC podem ser devidos as estas causas naturais e 0,3 ºC devidos ao aquecimento provocado pelo homem. (New Scientist 20/4/08).

Reduzir a pegada de carbono

Basta comer apenas vegetais um dia por semana para reduzir significativamente a pegada de carbono que produzimos, segundo diz Christopher Weber da Carnegie Mellon University em Pittsburg, citado no New Csientist 20/04/08.

A biodiversidade é necessária para a saúde humana

A biodiversidade é habitualmente pouco considerada. Há algumas tentativas de lhe atribuir valor do ponto de vista sociológico e económico. Agora Eric Chivian e Aaron Bernstein, de Harvard, procuram provar que a saúde humana depende da biodiversidade de maneira crucial. Por exemplo, os ursos polares, ameaçados pelo aquecimento polar e pela poluição, podem acumular e utilizar gorduras muito rapidamente, sem consequências. São um excelente modelo para compreender os mecanismos da obesidade. (New Scientist 20/04/08).
Para mais informações ler: Sustaining Life: How human health depends on Biodiversity, Oxford University Press, 2008.

Esperança de vida começou a baixar

A esperança de vida começou a baixar nos EUA, desde 1980, em especial para as mulheres e sobretudo nas zonas mais pobres do Sul profundo e no Midwest. Além de problemas nos cuidados de saúde, está relacionado com comportamentos pouco saudáveis: tabagismo, obesidade, hipertensão arterial. (New Scientist 20/4/08).
É preciso não deixar degradar o SNS e promover modos de vida saudáveis. O aumento da esperança de vida não é um dado adquirido.